Anais do II Encontro
Escritas de Si e do Mundo: a polifonia escolar na comunidade narrativa da sala de aula (UFSC)
Doutoranda: Cristiane Guimarães
Orientadora: Dulce Márcia Cruz
Atualmente, textos autobiográficos circulam na escola em projetos de letramentos e em diferentes gêneros como diário, cartas, relatos de viagem, entrevistas, monólogos e em outras linguagens como cinema, documentários e curtas-metragens, permitindo e inspirando a troca de experiências, relações entre o vivido, experiências de si e as experiências dos outros. A presente pesquisa, qualitativa e narrativa, pretende investigar como tem se dado a constituição da comunidade narrativa da sala de aula, conforme nos ensina Gilka Girardello (2014), na construção, inspiração e partilha de narrativas biográficas em uma comunidade escolar no Sul da Ilha de Santa Catarina, conectando pessoas, meios e significados em trocas intergeracionais entre diferentes personagens da escola e seu entorno. São fragmentos de narrativas de estudantes, professores e anciãos, como rendeiras e pescadores, produzidos pelos estudantes em diferentes linguagens e suportes, algumas experiências realizadas em parceria com o Ponto de Cultura Baleeira do bairro da Armação do Pântano do Sul, aqui tomados como tecido de citações, como propõe Barthes (1988), fios da cultura em transformação e montagem, como estuda Mônica Fantin (2015), fragmentos poéticos e que sugerem indagações sobre como se tecem as relações biográficas entre escolares e muros visíveis e invisíveis que tentam apartar pessoas e sentidos no espaçotempo do cotidiano escolar. As narrativas e seus processos levantam questionamentos éticos e estéticos que avivam a conversa sobre a escola como espaço de encontros para além de dispositivo disciplinar que configurou sua natureza, conforme recupera Paula Sibilia ( 2012), para um espaço que faz reunir e emergir as memórias cidadãs (Martin-Barbero, 2014) e suas relações com as artes da palavra em suas diversas formas e a sala de aula como potentes à construção de comunidades narrativas, segundo Girardello (2014), manifestando a intensa polifonia escolar Bakhtin (2011), a polissemia das imagens poéticas e a urgente, humana e formativa necessidade de narrar, como ensina Benjamin (2012).
Palavras-chave: Narrativas de memórias. Cotidiano. Comunidade narrativa. Letramentos.
Narrativas, Autobiografia e Formação de Educadores (UFSC)
Doutorando: Lauro Roberto Lostada
Doutor: Lidnei Ventura (Universidade do Estado de Santa Catarina)
Orientadora: Dulce Márcia Cruz
Este trabalhou teve como intenção investigar o potencial do uso das narrativas de vida na formação continuada de educadores. Para tanto, foi oferecido aos professores egressos da Especialização em Educação na Cultura Digital e acadêmicos da Universidade do Estado de Santa Catarina um curso a distância intitulado “Narrativa, autobiografia e formação de educadores”, cuja metodologia se baseara na construção de memoriais de formação enquanto instrumentos para a elaboração de um roteiro autoformativo, estruturado principalmente a partir das concepções narrativas bakhtinianas e do itinerário metodológico da Jornada do Herói. Tal proposta se justifica por considerarmos que a reflexão sobre os processos de aprendizagem constituem campo fértil de análise para que os indivíduos possam compreender os aspectos da auto, hetero e ecoformação, que compõem a gênese da constituição identitária, o que permite estabelecer um projeto de vida que abarque mudanças e re/signifique as tensões manifestas. Os resultados indicam que, devido à proposta de trabalho exigir mobilização dos sujeitos para desestruturar suas rotinas e tomar sua história como elemento de pesquisa, houve um impacto negativo em relação ao índice de conclusão do curso, o que também reflete a falta de tempo do professor para envolver-se em formações paralelas à sua rotina de trabalho. Por outro lado, verificamos que os cursistas avaliaram positivamente a experiência de analisar, sob o foco da Jornada do Herói, sua trajetória de formação como objeto de autoreferenciamento, de forma que pudemos constatar que as histórias de vida narradas nos memoriais de formação constituem alternativa relevante e eficiente aos modelos de formação de professores tradicionalmente aplicados no país, já que o modelo testado permite que os professores possam vir a refletir seu próprio percurso formativo enquanto fonte de conhecimento. O projeto, em síntese, comprovou o quão frutífero pode ser o uso da autoscopia enquanto um método de formação docente que, além de promover a revisão dos modelos formativos utilizados no país, também possibilita uma importante mudança de perspectiva na esfera da formação de professores.
Palavras-chave: Pesquisa narrativa. Formação de educadores. Memorial autobiográfico. Jornada do Herói.
Formação continuada à distância e atuação profissional dos egressos: um estudo sobre o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares (UFSC)
Mestre: Fabiana Lopes Ribeiro
Orientadora: Daniela K. Ramos
A presente pesquisa visa identificar quais as contribuições dos cursos de Formação Continuada em Conselhos Escolares (FCCE) para a atuação profissional de seus egressos. Esses cursos são ações do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares (PNFCE) e foram realizados na modalidade a distância, em parceria com 14 Instituições Federais de Ensino (IFES) do país, tendo como público alvo técnicos das secretarias estaduais e municipais de educação. Os cursos têm como objetivo fomentar a implantação e o fortalecimento dos conselhos escolares como estratégias para a promoção da gestão democrática na educação. É necessário identificar as contribuições da formação na perspectiva do egresso, seja como forma de prestar contas à sociedade acerca de um programa do governo federal, seja pela demanda de reflexão sobre as contribuições possíveis de uma formação continuada a distância. Para tanto, primeiramente foi realizada uma revisão sistemática da literatura, na qual foi possível identificar o grande potencial que os processos de formação a distância oferecem na geração de modificações nas práticas dos seus egressos, bem como o benefício que esse tipo de avaliação traz para a reflexão e o planejamento de novas formações. Em seguida, foi realizado um grande survey, que interpelou 1113 respondentes, egressos dos diversos cursos ofertados pelas IFES em todo o país. Nessa etapa, foi possível identificar a influência do perfil e dos aspectos relacionados com o ensino a distância desde a percepção desses egressos sobre as contribuições do curso em sua atuação profissional, bem como as principais dificuldades encontradas por eles para estudarem na modalidade a distância. A principal contribuição das referidas formações a distância identificada pela pesquisa foi a aquisição e/ou ampliação de conhecimentos teóricos e práticos, quase unanimemente mencionada, seguida pela sensibilização e motivação sobre a importância dos Conselhos Escolares e da gestão democrática da educação. Tais questões levaram a concluir a importância do PNFCE e dos cursos de FCCE para a promoção de processos que gerem modificações nas realidades em que seus egressos estavam inseridos, com vistas à melhoria da qualidade da educação.
Palavras-chave: Gestão democrática. Educação a distância. Conselho escolar.
O uso dos jogos digitais para o aprimoramento do controle inibitório (UFSC)
Mestre: Fernanda Garcia
Orientadora: Daniela K. Ramos
O presente trabalho tem por objetivo apresentar a metodologia utilizada na pesquisa sobre a contribuição do uso de jogos digitais para o aprimoramento do controle inibitório, com crianças do Atendimento Educacional Especializado – AEE. Nesta pesquisa foi utilizada a abordagem quali-quantitativa, sendo a pesquisa exploratória o método definido. Esse estudo, além do levantamento de referencial teórico, também contou com a pesquisa aplicada, tendo em vista que os alunos tiveram acesso aos jogos digitais e levantamos os dados antes e após a interação das crianças com os jogos. Nesse sentido, entendemos que a utilização da mediação com jogos digitais é uma questão prática, que pode contribuir para o aprimoramento do controle inibitório. Organizamos as crianças em dois grupos: controle e participante. Assim, no grupo controle, fizemos testes e atividades no início, que seriam repetidas ao final da coleta de dados. O diferencial desse grupo é que as crianças não tiveram acesso aos jogos da Escola do Cérebro durante o desenvolvimento da pesquisa, contudo, em suas casas, poderiam ter acesso a outros tipos de jogos. Logo após a coleta de dados, realizamos a orientação, com as famílias do grupo participante, de como ter acesso aos jogos digitais da Escola do Cérebro, para que todos os alunos do grupo participante tivessem acesso aos jogos. Na divisão de grupo, avaliamos as crianças que possuíam interesse pelos jogos digitais da Escola do Cérebro, e outro aspecto importante foi o interesse da família pela pesquisa, já que estes também atuariam na intervenção com os jogos. Como resultado verificamos que além de aprender a jogar o próprio jogo, esta aprendizagem também é transferida para outros contextos.
Palavras-chave: Jogos digitais, família, Inclusão.
Letramento na cultura digital: perfil midiático das/os estudantes de licenciatura presencial e a distância (UFSC)
Doutorando: Klalter Bez Fontana Arndt
Orientadora: Dulce Márcia Cruz
O presente trabalho visa identificar o perfil midiático das/dos estudantes dos cursos de licenciatura, oferecidos na modalidade a distância e presencial, em especial do curso de Pedagogia. Para início de estudo será feita uma revisão bibliográfica e será utilizada a base de dados do questionário de perfil midiático aplicado entre os anos de 2015 e 2017, pelo grupo de pesquisa EDUMIDIA, do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, coordenado pelas professoras Daniela Ramos e Dulce Marcia Cruz. O questionário teve como objetivo analisar a presença das mídias na vida dos estudantes de licenciaturas, procurando perceber o uso em relação a sua vida acadêmica, social e pessoal. Após essa primeira base de estudo, a pesquisa terá um recorte e se concentrará no perfil midiáticos dos estudantes de graduação do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Catarina, oferecida na modalidade presencial, e do curso de Pedagogia da Universidade do Estado de Santa Catarina, oferecida na modalidade a distância. A pesquisa terá como período de conclusão dezembro de 2020 e utilizara a metodologia qualitativa-quantitativa, já que se baseará no uso de instrumentos de pesquisa quantitativos (questionários) e qualitativos (entrevistas e focus group).
Palavras-chave: Mídia. Educação a distância. Licenciatura.
A gamificação de uma disciplina de um curso de graduação em Pedagogia (Uninter)
Mestranda: Ingrid Gayer Pessi
Orientador: João Mattar
Tendo em vista a necessidade de os professores aproximarem-se das novas tecnologias e tornarem suas aulas mais atrativas, a gamificação apresenta-se como uma estratégia de ensino e uma experiência motivadora por meio da aprendizagem significativa. Nesse contexto, este trabalho tem como objeto a gamificação de uma disciplina de um curso de graduação em Pedagogia. Tem como objetivo geral analisar a utilização da gamificação e de jogos como estratégia de ensino com alunos do curso de Licenciatura em Pedagogia. O problema que orienta a pesquisa é: como a gamificação e a aprendizagem baseada em jogos podem contribuir para a aprendizagem do futuro pedagogo? Para isso, a pesquisa apresenta uma metodologia de caráter qualitativo, balizada na abordagem de estudo de caso e pesquisa-ação. Assim, optou-se como instrumento de coleta de dados o questionário aplicado aos sujeitos-participantes da pesquisa e as observações realizadas no decorrer do processo pela pesquisadora. A análise e a interpretação dos dados coletados foi feita de acordo com Bardin (2009) para a apresentação dos resultados. As hipóteses levantadas foram: a utilização da gamificação e da aprendizagem baseada em jogos na formação docente auxilia os professores na atualização e na implementação de diferentes práticas pedagógicas, bem como pode aumentar o interesse dos alunos do curso de Licenciatura em Pedagogia na disciplina de Recreação e Jogos.
Palavras-chave: Ensino superior. Formação de professores. Docência.
Jogos digitais, funções executivas e velocidade de processamento: intervenções no ensino fundamental (UFSC)
Mestranda: Vanessa Raquel Cardoso
Orientador: Daniela Karine Ramos
Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o uso de jogos cognitivos digitais para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, mais especificamente as funções executivas (atenção seletiva e memória de trabalho) e a velocidade de processamento cognitivo. A fundamentação teórica se baseia na conceituação de jogos, jogos digitais e jogos cognitivos, partindo para uma aproximação desses artefatos com conceitos de cognição, funções executivas e velocidade de processamento cognitivo. Para a coleta de dados foram utilizados testes psicológicos (Bateria para avaliação de atenção, WISC IV, matrizes progressivas de Raven). A intervenção foi realizada apenas com o grupo experimental por meio da plataforma “Escola do Cérebro” utilizando três jogos de acordo com a indicação para cada habilidade a ser avaliada, Locktable, Genius e Breakout. Ao todo participaram da pesquisa 37 crianças de uma escola da rede municipal da cidade de Blumenau, alunos do primeiro ano do ensino fundamental com idades entre 6 e 7 anos. As intervenções ocorreram no laboratório de informática da escola totalizando 19 sessões de 30 minutos de duração. A partir dos resultados deste estudo foi possível verificar que o uso de jogos cognitivos digitais proporciona o aprimoramento da memória de trabalho, atenção seletiva e velocidade de processamento quando comparado a nenhuma intervenção com jogos.
Palavras–chave: Jogos Cognitivos Digitais; Funções Executivas; Velocidade de Processamento.
Desenvolvimento de um game para o diagnóstico de habilidades e competências necessárias à resolução das questões de conhecimentos gerais da prova do ENADE
Doutoranda: Viviane Marques Goi
Orientador: João Mattar
Este trabalho é uma revisão de literatura sobre os usos de jogos para avaliação. Sua finalidade é delinear uma estrutura para o design de jogos digitais para a avaliação de habilidades e competências cognitivas. Um modelo para a avaliação de competências genéricas é inicialmente apresentado. Quatro categorias para avaliação por meio de jogos digitais são então exploradas (objetivo, implementação, integração e tipo primário), incluindo as estratégias de avaliação dentro e fora do jogo. Questões metodológicas são levantadas, envolvendo abordagens para vincular os tipos de ações realizadas pelos jogadores durante o jogo para um domínio de conhecimento, testes para avaliação cognitiva e avaliação adaptativa. Como soluções, recomendações e sugestões para pesquisas futuras, um modelo é proposto para orientar o design e o desenvolvimento de jogos digitais que visam avaliar habilidades e competências cognitivas.
Palavras-chave: Aprendizagem baseada em games. Avaliação. Jogos digitais.